Exposição que registra impacto de programa-símbolo da reforma psiquiátrica chega a Alagoas
“De Volta para Casa” leva ao visitante um recorte geográfico da história da saúde mental no Brasil. Por meio de textos e fotografias, a mostra relata os antigos métodos terepêuticos que eram aplicados dentro do hospital psiquiátrico de Barbacena, o impacto das primeiras iniciativas da reforma antimanicomial e tem como desfecho a instituição do Programa de Volta para Casa (Lei Federal 10.708, de 31 de julho de 2003).
Considerado símbolo da reforma psiquiátrica no Brasil, o programa atende a usuários de saúde mental egressos de longas internações psiquiátricas que atualmente moram com familiares ou em residências terapêuticas. “Prova de que a mudança do modelo de atenção aos portadores de transtornos mentais não apenas é possível e viável, como, de fato, é real e acontece”, constata o livreto da exposição.
A mostra ficará em cartaz até o dia 14 de dezembro no Museu da Imagem e do Som (Misa), localizado na Praça Dois Leões, nº 275, Jaraguá – Maceió (AL). A visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, de 9h às 17h.
Mudança de paradigma – A exposição é composta de dois momentos, “Da Casa da Loucura” e “De Volta para Casa”, que mostram a transição entre o modelo manicomial e a nova política de Saúde Mental do Sistema Único de Saúde (SUS). As fotos e textos registram o cotidiano de 24 residências terapêuticas localizadas na cidade mineira de Barbacena, nas quais residem mais de 150 pessoas que ficaram anos internadas em instituições psiquiátricas e que, “por suas histórias e trajetórias de abandono nos manicômios, mais parecem personagens do impossível”, adianta o livreto. Barbacena chegou a receber, no passado, a alcunha de “Cidade dos Loucos”, em razão dos sete hospitais psiquiátricos que abrigou – três deles existentes até os dias atuais, e que preserva grande desta memória no Museu da Loucura. Mas a cidade também é apontada como exemplo de superação desse paradigma.
Na primeira parte da exposição – “Da Casa da Loucura” – o visitante terá uma idéia da dimensão do drama vivido pelas pessoas internadas no maior dos hospitais psiquiátricos de Barbacena, fundado no início do século XX e hoje administrado pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Grande parte destas pessoas chegaram ao hospital ainda crianças, vindas de todo o Brasil apinhadas numa locomotiva que ficou conhecida como “Trem de Doido”. E nunca mais se encontraram com suas famílias ou saíram de lá, chegando a ficar 60 anos internadas.
Já no segundo espaço da exposição – “De Volta para Casa” –, o visitante vai poder conhecer o dia-a-dia de ex-moradores de hospitais psiquiátricos contemplados. Os pacientes atendidos pelo Programa De Volta para Casa recebem auxílio reabilitação psicossocial para assistência, acompanhamento e integração social fora da unidade hospitalar. Instituído há quatro anos, o programa contempla atualmente quase três mil pessoas. Além do benefício, os assitidos recebem tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do município.
A exposição foi lançada em setembro de 2007, em Brasília, e vai percorrer o país. Os registros fotográficos são de autoria de Radilson Carlos Gomes e os textos, de Ana Ferraz Amstalden. Uma versão virtual da mostra pode ser conferida no endereço:
www.ccs.saude.gov.br/vpc.index.html. Agência SaúdeMais Informações
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