25 de junho de 2007

Abenfisio propõe soluções para a inserção da Fisioterapia na Atenção Básica

Nos dias 7, 8 e 9 de junho a cidade de Canela, no Rio Grande do Sul, sediou três eventos da Fisioterapia ao mesmo tempo: o XVI Fórum Nacional de Ensino em Fisioterapia da Abenfisio, o X Encontro Nacional de Coordenadores de Cursos de Fisioterapia e a I Mostra Nacional de Experiências de Ensino, Serviço e Comunidade, Promovidos pela Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia – Abenfisio.

“Fisioterapia na Atenção Básica: Interações do Ensino, Serviço e Comunidade”. Este foi o eixo temático das discussões propostas pela associação. De acordo com a Dra. Tânia Cristina Fleig, membro da Comissão Executiva do XVI Fórum da ABENFISIO, os espaços de discussão e reflexão delinearam o atual cenário da saúde coletiva e situaram a Fisioterapia nos diferentes contextos nacionais. Foram apontados problemas reais envolvendo os campos do Ensino, do Serviço, da Gestão e do Controle Social. “Para cada problema foi apresentada uma proposição para interagir com esse cenário, norteando e sustentando ações de mudanças”, explicou.

Qualidade do ensino e interação com a comunidade

O documento final do Fórum de Canela trouxe propostas de atuação direta da Abenfisio na questão da qualidade da formação profissional, entre elas uma maior interação sobre instâncias ligadas ao ensino – Ministério da Educação.

Uma outra proposta é adotar uma Educação Permanente em Saúde como estratégia estruturante para formação de um corpo docente integrado ao SUS, além de ações de ensino com impacto na comunidade e criação de metodologias que envolvam os estudantes com a realidade, desde o começo do curso. O Fórum também propôs uma revisão dos Planos Político-Pedagógicos, orientados pelo conceito ampliado de saúde.

Para a Dra. Ana Cristhina Brasil, vice-presidente do Coffito, um dos principais pontos discutidos no Fórum foi a importância de rever a questão da proliferação de cursos. Ela enfatizou a necessidade de que os novos cursos de Fisioterapia sigam os critérios do Conselho Nacional de Saúde – CNS, e disse ainda que o documento final será encaminhado aos ministérios da Educação e da Saúde. “A interface com os Ministérios se torna mais fácil por estarmos em uma Associação. Precisamos usar essa força para melhorar a qualidade do ensino”, destacou.  Ana Cristhina também ressaltou as discussões em torno do estágio e das atividades práticas e complementares, e falou sobre a ocorrência do estágio “extra-curricular”, atividade não reconhecida pelas instituições de ensino, e que implica exercício ilegal da profissão.

Parcerias com Conselhos

A Dra. Francisca Rego, diretora-secretária do Coffito, chamou a atenção para uma outra importante conclusão dos participantes do fórum: o fortalecimento da parceria entre a Abenfisio e o Sistema Coffito/Crefitos a partir de uma agenda permanente de trabalho.

“Também se falou em estimular a parceria entre a Abenfisio e as associações regionais sócio-culturais-científicas, e na sensibilização de gestores para garantir a participação de professores e estudantes nos espaços de discussões da Associação”, disse.

Segundo a Dra. Francisca, um assunto que também vem sendo tratado pela Abenfisio é a questão da carga horária mínima para os cursos de fisioterapia. Em 2004, um parecer do Ministério da Educação previa a redução da carga horária de alguns cursos na área da saúde, entre eles o de Fisioterapia, que cairia de 4.500 para 3.200 horas.

O parecer ainda está sendo revisto pelo Conselho Nacional de Educação, e o Ministério ainda não se posicionou novamente sobre o tema. “Mas a luta da Abenfisio e do Coffito é que sejam mantidas as 4.500 horas, carga horária ideal para garantir a formação e a qualidade da formação profissional”, afirmou a diretora, que também atua como  coordenadora da Comissão de Educação do Conselho.

Mostra de Experiências

O evento contou ainda com uma idéia inovadora: a I Mostra Nacional de Experiências Ensino, Serviço e Comunidade, um espaço para a reflexão sobre as relações entre o processo de inserção do fisioterapeuta nas equipes de saúde e na educação em saúde. Acadêmicos, docentes e profissionais fisioterapeutas divulgaram novas ações e metodologias de trabalho e de ensino relacionados ao sistema de saúde vigente no país, e à atenção integral da saúde no sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contra-referência.

De acordo com a Dra. Tânia Fleig, “foi gratificante a resposta dos participantes, que trouxeram para os momentos de convivência, as inúmeras formas de inserção e de parcerias desenvolvidas pelos atores presentes nos cursos de graduação em Fisioterapia de todo o Brasil”.

Segundo ela, pôde-se assim considerar a realidade da inserção da Fisioterapia na atenção básica, que se distingue por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo; por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas à população de territórios bem delimitados, considerando a diversidade existente no espaço em que vivem as comunidades a serem assistidas.  Os resumos dos trabalhos inscritos e apresentados na Mostra serão publicados na próxima edição da revista Terapia Manual.

Espaço de debate e construção de consensos

Para o Dr. Fernando Ferrari, coordenador do CICAT – Comitê Interdisciplinar Científico, Acadêmico e do Trabalho – do Coffito, os fóruns da ABENFISIO vêm cumprindo um importante papel. “Além de abrir espaço de construção de consensos acerca de questões pertinentes à formação e à atuação do fisioterapeuta, os fóruns são também momentos de socialização da acumulação histórica que esta entidade alcançou ao longo de sua trajetória”, disse. “A cada evento novos parceiros são incorporados e contagiados pelo ambiente democrático, de respeito, e pelo alto nível do debate”, completou.

Resultado Positivo

“Diante dos resultados obtidos, percebe-se que a ABENFISIO é uma associação agregadora dos atores que entendem a necessidade de diálogo frente ao processo de formação dos profissionais fisioterapeutas, afinando o discurso com o contexto apresentado nos Projetos Pedagógicos de Cursos de Graduação em Fisioterapia e com as ações desenvolvidas nas práticas cotidianas do fisioterapeuta”, avalia Tânia Fleig.

Para ela, a cada momento de participação em Fóruns Nacionais e Regionais de discussão do Ensino de Fisioterapia, um maior número de pessoas vem assumindo compromissos e responsabilizando-se coletivamente quanto aos processos de mudanças.

Agência Coffito