26 de novembro de 2007

Presidente do CNS destaca necessidade de atuação multiprofissional no SUS

 
“Assim como o processo de construção do controle social e da democracia participativa é lento e contra-hegemônico, também o processo de desconstrução do modelo “medicocêntrico” – voltado para o tratamento de doenças e não para a prevenção – também será lento e contra-hegemônico”. Assim o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, definiu o grande desafio dos profissionais da saúde em relação ao SUS. Para ele, a grande limitação do Sistema Único é a existência de uma cultura conservadora sobre saúde, voltada apenas para o profissional médico e para o tratamento de doenças.
 
Em entrevista à Agência Coffito, Francisco avaliou a 13ª Conferência Nacional de Saúde como um avanço nesta questão. A cada conferência esse tema vem a baile, e nesta edição conseguimos avançar um pouco mais. Podemos ver que nessa Conferência tivemos mais propostas voltadas para a necessidade de equipes multiprofissionais. O debate foi mais qualificado, disse. “Estamos saindo da discussão sobre a multiprofissionalidade e partindo para a intersetorialidade”.
 
Embora reconheça que existem avanços, Júnior considera a atuação insuficiente. E destacou: É preciso que seja feito um movimento mais intenso. Ele considerou o trabalho que vem sendo feito pelas categorias, mas alertou que é preciso ser feita uma conscientização geral sobre a promoção da saúde, a respeito da importância de diversas classes profissionais: o farmacêutico, o fonoaudiólogo, o fisioterapeuta, o terapeuta ocupacional e tantos outros profissionais, não apenas dos médicos, disse. Para ele, somente assim o modelo medicocêntrico dará lugar ao modelo intersetorial.
 
Trabalho para a sociedade
Este trabalho tem que ser voltado para a sociedade, para os gestores, para a imprensa, para a comunicação. E afirmou, espantado: “Fui entrevistado por um monte de órgãos de imprensa, e nenhum jornalista me perguntou sobre outros profissionais, além dos médicos”, disse. Se você conversa com um usuário, ele reclama da falta de médicos. E nem sempre é isso. O problema e as necessidades são outras, mas esse modelo se manifesta de forma muito contundente.
 
O presidente do CNS convidou os profissionais para intensificarem o trabalho. Não é uma tarefa fácil, disse. Todos os instrumentos culturais, jurídicos, técnicos e científicos devem ser utilizados para a superação dessas limitações. É esse processo que precisamos assumir, concluiu.
 
 
Agência Coffito