28 de novembro de 2007

Exposição que registra impacto de programa-símbolo da reforma psiquiátrica chega a Alagoas

Alagoas entrará em contato com um documento vivo sobre o modelo de assistência psiquiátrica e a reforma psiquiátrica brasileira. Chega a Maceió, nesta quinta-feira (29), a exposição fotográfica itinerante “Saúde Mental – Novo Cenário, Novas Imagens – Programa de Volta para Casa”. A mostra traz fotos e textos que evidenciam a força documental do impacto do Programa De Volta para Casa (PVC) na vida dos portadores de transtornos mentais.

“De Volta para Casa” leva ao visitante um recorte geográfico da história da saúde mental no Brasil. Por meio de textos e fotografias, a mostra relata os antigos métodos terepêuticos que eram aplicados dentro do hospital psiquiátrico de Barbacena, o impacto das primeiras iniciativas da reforma antimanicomial e tem como desfecho a instituição do Programa de Volta para Casa (Lei Federal 10.708, de 31 de julho de 2003).

Considerado símbolo da reforma psiquiátrica no Brasil, o programa atende a usuários de saúde mental egressos de longas internações psiquiátricas que atualmente moram com familiares ou em residências terapêuticas. “Prova de que a mudança do modelo de atenção aos portadores de transtornos mentais não apenas é possível e viável, como, de fato, é real e acontece”, constata o livreto da exposição.

A mostra ficará em cartaz até o dia 14 de dezembro no Museu da Imagem e do Som (Misa), localizado na Praça Dois Leões, nº 275, Jaraguá – Maceió (AL). A visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, de 9h às 17h.

Mudança de paradigma – A exposição é composta de dois momentos, “Da Casa da Loucura” e “De Volta para Casa”, que mostram a transição entre o modelo manicomial e a nova política de Saúde Mental do Sistema Único de Saúde (SUS). As fotos e textos registram o cotidiano de 24 residências terapêuticas localizadas na cidade mineira de Barbacena, nas quais residem mais de 150 pessoas que ficaram anos internadas em instituições psiquiátricas e que, “por suas histórias e trajetórias de abandono nos manicômios, mais parecem personagens do impossível”, adianta o livreto. Barbacena chegou a receber, no passado, a alcunha de “Cidade dos Loucos”, em razão dos sete hospitais psiquiátricos que abrigou – três deles existentes até os dias atuais, e que preserva grande desta memória no Museu da Loucura. Mas a cidade também é apontada como exemplo de superação desse paradigma.

Na primeira parte da exposição – “Da Casa da Loucura” – o visitante terá uma idéia da dimensão do drama vivido pelas pessoas internadas no maior dos hospitais psiquiátricos de Barbacena, fundado no início do século XX e hoje administrado pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Grande parte destas pessoas chegaram ao hospital ainda crianças, vindas de todo o Brasil apinhadas numa locomotiva que ficou conhecida como “Trem de Doido”. E nunca mais se encontraram com suas famílias ou saíram de lá, chegando a ficar 60 anos internadas.

Já no segundo espaço da exposição – “De Volta para Casa” –, o visitante vai poder conhecer o dia-a-dia de ex-moradores de hospitais psiquiátricos contemplados. Os pacientes atendidos pelo Programa De Volta para Casa recebem auxílio reabilitação psicossocial para assistência, acompanhamento e integração social fora da unidade hospitalar. Instituído há quatro anos, o programa contempla atualmente quase três mil pessoas. Além do benefício, os assitidos recebem tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do município.

A exposição foi lançada em setembro de 2007, em Brasília, e vai percorrer o país. Os registros fotográficos são de autoria de Radilson Carlos Gomes e os textos, de Ana Ferraz Amstalden. Uma versão virtual da mostra pode ser conferida no endereço: www.ccs.saude.gov.br/vpc.index.html.

Agência Saúde
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