30 de novembro de 2007

Falta de vacina mata 20 mil crianças por ano

Uma pesquisa divulgada ontem mostra que o Brasil precisa investir mais na prevenção das chamadas doenças pneumocócicas (meningite, pneumonia e otite). O país gasta R$ 58 milhões anualmente com o tratamento desses males, que matam 20 mil crianças de até 5 anos por ano. São 512 mil novos casos de pneumonia e mais de 3 milhões de casos de otite anualmente.

O estudo foi feito pela Universidade Federal de São Paulo, Faculdade de Medicina da Santa Casa, Sociedade Brasileira de Pediatria e Organização Panamericana de saúde. A médica e coordenadora do trabalho, Gláucia Vespa, defende a vacinação de menores de 5 anos. “Se essa vacina fosse introduzida, a cada duas horas e 39 minutos, estaríamos salvando uma criança. Se considerar toda a população, salvaria uma pessoa a cada uma hora e 12 minutos”, afirma.

Como as doenças são transmitidas pelo ar, cada criança imunizada deixa de contaminar duas pessoas. Nos Estados Unidos, onde a vacina já é aplicada gratuitamente na rede pública, a incidência das doenças pneumocócicas caiu 98%. “O mais importante não é salvar o recurso, é colocá-lo no lugar certo. Porque é muito grave quando o recurso da saúde não é aplicado corretamente”, disse Gláucia.

Cada dose da vacina importada custa US$ 53 (R$ 94), mas o investimento se justifica, segundo ela. Uma única criança com pneumonia custa R$ 600 para o Sistema Único de saúde (SUS) com a internação. O governo aplica a vacina em crianças de alto risco.

De acordo com o Ministério da saúde, 20% das crianças atingidas por meningite pneumocócica morrem e 55% têm seqüelas. A doença é a que mais mata (22% dos casos). Além disso, 55% dos pacientes ficam com seqüelas graves. O mal atinge principalmente menores de 6 anos, crianças que tomam leite em pó e as que são internadas freqüentemente.

Em abril deste ano, instituições da área de saúde fizeram manifestação na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, passando abaixo-assinado para solicitar ao poder público a aplicação da vacina contra meningite nos postos de saúde.

Fonte: O Estado de São Paulo