9 de agosto de 2016

Matéria da Folha de São Paulo destaca problemas no tratamento de crianças com microcefalia

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Em abril de 2016, após o surto de microcefalia que invadiu o país, foi publicada a cartilha Diagnóstico: Microcefalia. E agora?, com o objetivo de orientar a sociedade, os profissionais e os órgãos de Saúde. O material foi realizado pelo  Sistema COFFITO/CREFITOs, em parceria com a Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN) e com a Associação Brasileira para o Desenvolvimento e Divulgação do Conceito Neuroevolutivo (ABRADIMENE),

Devido à publicação recente da matéria Pais de bebês com microcefalia vivem abandono e recorrem à Justiça em PE, publicada na Folha de São Paulo, o COFFITO coloca em destaque as recomendações dos fisioterapeutas e dos terapeutas ocupacionais acerca de um tratamento adequado às crianças com microcefalia. Veja abaixo.

Trecho da matéria publicada no jornal: “Em Pernambuco, o número de notificações de bebês com microcefalia alcançou 2.074 registros (376 deles confirmados). O relato de mães ouvidas pela Folha no estado é de desesperança e tristeza pela saúde dos filhos, que têm dezenas de convulsões diárias, danos oftalmológicos, disfagia (dificuldade para engolir) e refluxo.

Os quadros de saúde dos bebês com microcefalia são piores do que os médicos e o próprio poder público vislumbravam no início das notificações.”

SEM RESULTADO

“A filha passa por consultas, ao menos duas vezes por semana, com neurologistas, pediatras e oftalmologistas. Com terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas a menina faz as sessões de reabilitação. No entanto, a mãe diz que o esforço não está trazendo resultados satisfatórios – em parte por causa do pouco tempo das sessões, em média 20 minutos. O ideal seria o dobro, segundo médicos ouvidos pela reportagem.”

Recomendações disponibilizadas na cartilha Diagnóstico: Microcefalia. E agora?

COMO TRATAR?

A criança com microcefalia deve ser atendida por uma equipe de saúde interdisciplinar constituída por, no mínimo, assistente social, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico, odontólogo, psicólogo e terapeuta ocupacional.

QUANDO INICIAR O TRATAMENTO?

Imediatamente! Após o diagnóstico, e com a criança clinicamente estável, o processo de intervenção deve ser iniciado, para, dessa forma, tratar as deficiências primárias, minimizar as secundárias e prevenir deformidades.

TEMPO DA CONSULTA

O atendimento de crianças, geralmente, dura, no mínimo, meia hora, devido à baixa tolerância do paciente. No entanto, o tempo é uma estimativa, sendo a sessão baseada na necessidade apresentada por cada indivíduo. Ressalta-se, ainda, que o ideal é que o atendimento contemple, também, a orientação aos pais.

NÚMERO DE CONSULTAS POR SEMANA

No mínimo duas vezes por semana. No entanto, devido ao quadro, o ideal seria um atendimento entre 4 a 5 vezes por semana, lembrando que, assim como na questão relacionada ao tempo, o quantitativo também é aliado a outros fatores, tais como disponibilidade dos pais para levar a criança, continuidade do tratamento em casa, seguindo orientações profissionais, tolerância do paciente, quantidade de crises, entre ouros fatores.

O QUE É PRECISO SABER SOBRE UMA CRIANÇA COM MICROCEFALIA?

Assim como toda criança, ela é especial é precisará do apoio da família para enfrentar algumas adversidades. De acordo com os profissionais entrevistados, é necessário ressaltar que, apesar da existência de lesões cerebrais, o cérebro possui a capacidade de se modificar com base na estimulação recebida. Portanto, o tratamento realizado por equipe multidisciplinar, associado à orientação e realização dos procedimentos pelos pais em casa, pode minimizar as sequelas e assegurar mais autonomia e inclusão social. Ainda, as famílias devem ter conhecimento sobre seus direitos, a fim de se assegurar uma vida melhor a todos.

POR QUANTO TEMPO IRÁ DURAR O TRATAMENTO?

Possivelmente o tratamento de um paciente com microcefalia seja para toda a vida, no entanto, com o passar do tempo, são estabelecidas novas metas e objetivos, mantendo-se a funcionalidade e priorizando-se a qualidade de vida. O tratamento será focado na aquisição e manutenção de funções, além de, ao mesmo tempo, minimizar a dor, deformidades e sobrepeso. A promoção do bem-estar do paciente, a sua independência na realização das atividades da vida diária e na inserção na sociedade também fazem parte das metas estabelecidas para a recuperação.

AUXÍLIO À FAMÍLIA

Os familiares possuem papel fundamental no tratamento de uma criança com microcefalia, especialmente nas conquistas que esse paciente terá durante a sua vida. Por isso, entre as atribuições da equipe multidisciplinar está acolher, orientar e estimular os pais durante o processo de reabilitação do filho. Por exemplo, ensinar aos pais quais são as melhores formas de interagir com a criança, para que, durante as brincadeiras, seja fortalecido o vínculo com o bebê e, ao mesmo tempo, sejam implementadas ações que visem ao desenvolvimento e favoreçam a funcionalidade, a autonomia e a independência da criança.

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional, em sua formação básica, possuem conhecimento para realizar o tratamento de crianças com microcefalia. No entanto, muitos profissionais já possuem formações mais amplas, especialmente na área de neuropediatria e desenvolvimento infantil.

Clique aqui e leia a Cartilha na íntegra.