22 de dezembro de 2007

Desejo de ser doador de ossos deve ser comunicado à família

Brasília – O transplante ósseo é necessário para troca das articulações de quadril e joelho, correção de escoliose e outras deformações na coluna e também em casos de pacientes vitimados por tumores. Todos os que necessitam de doação entram em uma lista em algum banco de ossos. No caso do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), única instituição pública desse tipo no Brasil , os pacientes são atendidos pela ordem de chegada, independentemente da instituição onde será feito o transplante.

A dona-de-casa Ivanilda Januário, de 50 anos, que está na fila do transplante ósseo, espera que, com a cirurgia, diminuam as dores no quadril e se iguale o tamanho de suas pernas. Depois de um acidente que a deixou viúva e com três filhos para criar, Ivanilda passou a usar muletas para se locomover. Em janeiro, ela fez uma cirurgia, mas não foi possível o transplante, por causa de uma infecção.

Ivanilda atribui à falta de informação das pessoas a demora na solução de seu problema médico. "Falta divulgação sobre a doação de ossos, muita gente não sabe da importância da doação.”

Quem deseja ser doador de ossos deve ser comunicar essa intenção à família em vida, já que documentos não são mais aceitos. Só os parentes podem autorizar qualquer tipo de doação. Segundo os médicos, não há qualquer incompatibilidade de sexo, raça ou tipo sangüíneo entre doadores e receptores.

Os doadores devem ter de 18 a 70 anos. “Contudo, não devem ter tido doença óssea alguma durante toda a vida”, alerta o diretor do Banco de Ossos do Into, Marco Bernardo Cury. "Nem qualquer tipo de hepatite ou aids." Cury aponta a negação dos parentes do possível doador entre os problemas enfrentados pelo Into para aumentar o número de transplantes ósseos.

Geralmente, quando a família autoriza a doação de órgãos, também autoriza a de tecidos músculo-esqueléticos, mas, muitas vezes, desiste de tudo, ao ser entrevistada – o questionário que deve ser respondido é muito extenso. “As perguntas são necessárias para afastar qualquer possibilidade de doença transmissível, o que torna inviável a doação”, afirma o médico.

Segundo Cury, questionamentos sobre a vida íntima dos possíveis doadores criam resistências na família, mas não podem ser deixados de lado. Ele ressalta que as exigências para esse tipo de doação são mais rígidas e lembra que dois pacientes submetidos a transplante morreram, há alguns anos, por causa de doenças transmitidas pelo tecido ósseo doado.

O médico destaca que o paciente que precisa de transplante ósseo dificilmente está correndo risco de morrer, como o que precisa precisa de um fígado ou de um coração. "O paciente que precisa de osso é alguém que não anda, que está com muita dor e que, muitas vezes, prefere amputar o membro a permanecer com a dor. É um paciente que não tem risco de morte, salvo raras exceções, mas ele sofre. É uma tortura para ele ficar na fila.”

Fonte: Agência Brasil