15 de fevereiro de 2008

Violência como problema de saúde é tema de debates em todo o país

Manaus (AM) – Incluir a prevenção da violência como uma das prioridades no Sistema Único de Saúde (SUS) é o objetivo de gestores e profissionais de saúde de todo o país, com base no fato de que muitos casos de violência estão relacionados à saúde dos indivíduos que a praticam.

Para o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Osmar Terra, a violência é responsável por uma epidemia silenciosa, já que não é possível medir a dimensão dos problemas que causa.

"É importante que a saúde pública se envolva no processo de prevenção da violência. Sabemos que a maior parte dos crimes e dos homicídios são cometidos por pessoas que estão com estado mental alterado, que estão alcoolizadas ou drogadas e que poderiam não ter cometido esses crimes se tivessem tido algum atendimento preventivo ou alguma forma de atenção especializada", declara.

Dados nacionais revelam que, todos os dias, a violência causa a morte de pelo menos 250 pessoas. Além disso, quem sobrevive às tentativas de homicídio ou acidentes de trânsito, por exemplo, precisa receber medicamentos e também atendimento médico e hospitalar. Segundo o governo federal, os gastos da saúde com as vítimas da violência chegam a R$ 4 milhões.

Em Manaus, o assunto é tema do seminário regional "Violência: uma epidemia Silenciosa". O evento teve início ontem e termina hoje (15), reunindo representantes do poder público, médicos, psicólogos, educadores, entre outros participantes do Norte do país interessados em participar desse debate e em emplacar as iniciativas de combate à violência mediante a qualidade da saúde do povo brasileiro.

O seminário é uma realização do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Governo do Amazonas e um dos cinco encontros regionais que estão sendo realizados como preparação para o seminário nacional que acontecerá nos dias 27 e 28 de março em Porto Alegre.

Para o presidente do Conass é possível estabelecer metas para reverter os números negativos. Ele disse que o Ministério da Saúde está esperando que esses seminários ofereçam uma pauta nacional que será financiada com apoio do governo federal para políticas nacionais de prevenção da violência.

“Acredito que possamos impactar e ajudar a reduzir e muito a violência. Todos os lugares do mundo onde houve reversão dos altos índices de violência, como na cidade de Nova York, contaram com programas de atendimentos na área de saúde mental e de assistência social".

De cada uma das cidades onde o evento se realiza, sairão propostas para inserção na agenda do SUS. O encontro de Manaus contribuirá com relatos de  experiências de sucesso no Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Tocantins e Amapá, que possam ser úteis na formulação de uma política nacional.

Segundo o Ministério da Saúde, a violência no Brasil atinge principalmente adultos entre 20 e 39 anos, onde 92% são homens. Na mesma faixa etária, existem 47,9 mortes a cada 100 mil habitantes no Brasil, enquanto que a taxa global é de 25,8 mortes por 100 mil habitantes. O Amazonas é o estado brasileiro que destina maior parte de seu orçamento à saúde: 23% anuais. Em segundo lugar está o Distrito Federal, com 15%.

 

Fonte: Agência Brasil