16 de fevereiro de 2008

Saúde não está preparada para envelhecimento populacional, alerta pesquisador

Brasília – O Brasil não está preparado para enfrentar os desafios na área da saúde impostos pelo crescente envelhecimento da população. A opinião é do professor Leandro Fraga, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP).

Ele também é pesquisador do Programa Pró-Futuro, que há 20 anos realiza estudos sobre alterações de cenários nos países da América Latina e o impacto em suas populações. E alertou, em entrevista à Rádio Nacional, que "há uma mudança no tipo de demanda de saúde da população – o Estado precisa se preparar para fazer face a essa mudança, ou teremos problemas relativamente sérios no futuro".

O aumento da longevidade no país é registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1960 e aponta aumento de mais de 17 anos na expectativa de vida da população até hoje. Para os nascidos em 2006, essa expectativa média é de 72,3 anos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, os idosos representam cerca de 18 milhões de brasileiros e a cada ano, mais de 650 mil ultrapassam os 60 anos no país.

"O poder público vai ter que se preparar para uma série de doenças típicas de populações mais maduras”, alertou Fraga, para quem “é quase inevitável”, por exemplo, o aumento no número de casos de câncer, pois à medida que as pessoas envelhecem amplia-se o tempo de exposição a fatores de risco causadores da doença.

A nova realidade, disse, exigirá mais investimentos em prevenção, a fim de evitar custos futuros insustentáveis para o poder público. “Investir na detecção rápida das doenças exige do Estado uma mudança de postura bastante radical em relação ao que é feito hoje. Quanto mais cedo a doença for detectada, tanto melhor para o paciente e para o Estado, do ponto de vista dos gastos. Nós ainda estamos, infelizmente, muito distantes de uma situação próxima daquilo que seria necessário para enfrentar esse desafio”, afirmou.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o aumento no número de casos da doença é uma tendência, não só no Brasil mas em todo o mundo. Dos cerca de 470 mil novos casos previstos para este ano no país, é esperada para o Rio Grande do Sul a maior concentração da doença. Neste estado são registradas as maiores taxas de longevidade do país.

Fonte: Agência Brasil