9 de março de 2008

Presidente do Conselho de Saúde comenta “desvio” de recursos do setor

O “desvio” dos recursos preocupa o Conselho Nacional de Saúde, segundo o presidente da entidade, Francisco Batista Junior. Ele afirmou que a entidade que já vem apontando há algum tempo a necessidade de rediscutir o financiamento da saúde.

Batista Junior fez deu as informações ao comentar dados  de um estudo divulgado no início do ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, que avaliou os gastos sociais federais considerando a política econômica adotada no país.

Segundo o estudo, de 1995 a 2005, os gastos do governo federal com saúde passaram de R$ 28,7 para R$ 35,9 bilhões, descontados já descontados os efeitos da inflação, mas caíram  de 1,79% para 1,59%.

”O superávit [superávit primário, a economia que o país faz para pagar juros da dívida] estabelecido pela área econômica do governo drena recursos que poderiam ser investidos na área social e infelizmente não estão sendo. Isso deve ser repensado para termos mais recursos aplicados na área social, principalmente na saúde”.

De acordo ele, no ano passado, o governo gastou, em três meses, com o pagamento da dívida interna, o mesmo que investiu em saúde durante o ano todo e essa opção significa para o cidadão “falta de atendimento e qualidade de vida comprometida”.

Na avaliação de Batista Junior, os recursos deveriam ser empregados para fortalecer a rede pública estatal, principalmente na área de prevenção, com a implantação e aparelhamento de centros de saúde que custam bem menos do que bancar serviços de alta complexidade, hoje oferecidos por meio de contratações na rede privada.

“O poder público está completamente refém dos grupos privados contratados que exigem valores cada vez mais condizentes com a lógica do capital, por isso a tendência é o financiamento ficar cada vez mais insuficiente. Ou nós passamos defender o fortalecimento e a reestruturação do sistema estatal para diminuir a dependência do setor privado contratado ou o sistema vai ser inviabilizado”, argumentou.

A Agência Brasil procurou o Ministério da Saúde para comentar os dados do estudo, mas foi informada de que ele não iria se pronunciar sobre o assunto.

Fonte: Agência Brasil