11 de abril de 2008

Pará: Seminário discute avanços na reforma psiquiátrica no Estado

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Saúde Mental realizou nesta quinta-feira (10) o Seminário "Para Avançar a Reforma Psiquiátrica no Estado do Pará: Construindo uma Agenda Positiva", no auditório do Hospital de Clínicas Gaspar Viana, referência em atendimento psiquiátrico no Estado.

Participaram do seminário, o coordenador nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, o coordenador estadual de Saúde Mental da Sespa, Rodolfo Valentim e o promotor da infância e do adolescente do Ministério Público, Waldir Macieira.

O evento tem o objetivo de discutir as diretrizes gerais do Plano de Saúde Mental do Pará que prevê a implantação de uma rede estruturada de serviços de atendimento na capital e no interior do estado.

O Pará possui uma grande extensão territorial, municípios pequenos, distantes entre si, e com acessos que dependem de transporte fluvial, fator que dificulta o atendimento de determinados pacientes pela rede de saúde de um modo geral. Esta dificuldade de acesso coloca o Estado numa posição entre os 4 estados com pior cobertura de saúde mental do país, junto com os estados da região Norte: Amazonas e Amapá e o Distrito Federal.

O que diferencia o Pará dos demais estados do grupo são as perspectivas positivas de ampliação da rede. O plano em discussão pretende estudar a melhor forma de criar uma rede de saúde mental no Estado que possa atingir não somente as pessoas que vivem próximas à capital como também pessoas que moram nessas localidades de mais difícil acesso.

A intenção é ampliar os serviços ambulatoriais do tipo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de 38 unidades para 51 até dezembro de 2008; aumentar os serviços de internação em hospitais gerais que hoje é de 48 leitos no Hospital Gaspar Viana, 10 leitos no Hospital de Marituba e 2 leitos no Hospital de Tucuruí; aumentar a cobertura da saúde da família que é de apenas 31% das famílias paraenses; e ainda a utilização dos agentes comunitários de saúde no processo de acompanhamento e identificação das pessoas com necessidade de assistência mental.

O coordenador estadual de saúde mental da Sespa, Rodolfo Valentim, explica que "durante muito tempo a rede de saúde mental não foi prioridade, mas no governo de Ana Júlia Carepa e na gestão da secretária Laura Rossetti, a criação de uma agenda de ampliação da rede ainda este ano". Ele explica ainda que as ações para ampliar a rede vão desde criação de novos Caps, de leitos e de residências terapêuticas até a distribuição de bolsas de 240 reais para pacientes que passaram mais de 2 anos em internação para incentivar o retorno dessas pessoas ao convívio familiar (Programa Volta pra Casa).

Uma outra prioridade do plano é a capacitação de recursos humanos da Sespa, que está fechando uma proposta de financiamento com o Ministério da Saúde para apoiar as ações de capacitação dos profissionais de saúde mental, inclusive disponibilizando um técnico da própria coordenação nacional para ser um interlocutor entre ministério e secretaria estadual de saúde. A intenção é que até outubro deste ano haja um novo seminário para avaliar se os avanços estipulados como metas para 2008 foram atingidos.

Capacitação – Pedro Gabriel Delgado, coordenador nacional de Saúde Mental conta que, com a expansão da cobertura do programa saúde da família e a criação de um núcleo de apoio á saúde da família (NASF), profissionais de saúde mental poderão acompanhar as equipes da saúde da família para prestar assistência aos pacientes que sofrem de doenças mentais. "Vamos capacitar este profissional e também o agente comunitário de saúde (ACS) para que eles possam utilizar um novo método de intervenção para os casos de dependência de álcool e drogas chamado Intervenção Breve".

Gabriel explica que o ACS vai poder identificar casos de dependência precocemente, realizar as intervenções e também fazer o acompanhamento dos pacientes de casos mais graves depois de receber alta do hospital ou do centro de atenção.

Ele diz ainda que o importante agora é começar a estruturar essa rede estadual para que o Pará saia deste patamar dos piores estados em cobertura mental e para diminuir a superlotação das emergências dos hospitais por falta de centros especializados em atenção á saúde mental. "Como o estado ainda não tem a rede estruturada, as emergências dos hospitais ficam superlotadas".

Marajó – Uma outra medida a ser utilizada pela Sespa será um Caps Flutuante na região do Marajó. O barco com uma equipe ficará atracado num ponto fixo, prestando atendimento à população local e durante alguns dias do mês sairá para visitar comunidades distantes e de mais difícil acesso, e retornar para sua base. Para Gabriel Delgado, a medida levará o atendimento às comunidades ribeirinhas com maior dificuldade de acesso aos tratamentos de saúde mental.

Agência Pará