UnB debate Universidade Nova
Criado em 1962, o projeto de Anísio Teixeira e de Darcy Ribeiro direcionou a estruturação acadêmica da Universidade de Brasília. Questionando a eficácia social dessa proposta, defensores da Universidade Nova apontam modificações na forma de ingresso, de escolha do curso e de diplomação.
“Lamentavelmente, nossa sociedade é excludente e essa exclusão se reflete no ensino de 3º grau”, afirmou o professor Leonardo Lazarte que participou do debate apresentando os modelos de educação superior de Cuba, México e Argentina.
A professora Márcia Pontes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) apresentou o Modelo Unificado Europeu, que será implementado até 2010, a partir de um acordo firmado entre 46 países europeus liderados pela União Européia objetivando consolidar o Espaço Europeu de Educação Superior.
De acordo com o professor Naomar Almeida da UFBA, a Universidade Nova universalizará a educação ao excluir, por exemplo, a realização de vestibular para ingresso na universidade permitindo que qualquer pessoa com nível médio completo entre na universidade sem seleção prévia. Outra novidade da proposta é a divisão da graduação em módulos, garantindo diploma a quem não concluir a grade acadêmica. No projeto, serão formados bacharéis também por área e não somente por profissão.
Professores, acadêmicos e profissionais da Educação que participavam do seminário levantaram questões referentes à capacidade física das universidades para comportar todos que quiserem ingressar na instituição, à garantia de acesso à educação superior pelas pessoas que estão “à margem da sociedade” e à coerência em gerar um modelo ideal de universidade se o ensino público fundamental e médio não consegue formar o aluno ideal para esta instituição.
“A universalização é desejável, mas não é fácil. Tem uma série de problemas a serem tratados”, concluiu o professor Leonardo Lazarte (UnB).
O projeto Universidade Nova não é consenso na esfera acadêmica e, durante todo o evento, foi afirmada a necessidade ampliar a discussão nacionalmente considerando o impacto que esta implantação pode gerar na sociedade e os problemas a ele relacionados.
Participando do seminário, a diretora-tesoureira do Coffito, Drª Maria Lívia Garbi, afirmou que todo o sistema de educação superior precisaria ser repensado. “É uma nova abordagem sobre o ensino superior e ainda há muito a ser esclarecido para implantar a Universidade Nova no Brasil”, concluiu.
A proposta de reestruturação da arquitetura curricular e o plano orientador da UnB estão disponíveis no site http://nova.unb.br
Redação: Thaís Dutra