17 de outubro de 2018

Fisioterapia auxilia na melhora da qualidade de vida e na sobrevida de pacientes com câncer

O envelhecimento da população, o ritmo e as escolhas de vida podem influenciar, e muito, nas estimativas de novos diagnósticos de câncer de mama no Brasil, que, segundo estudo realizado pelo INCA, em 2018, devem se aproximar de 59 mil novos casos.No mês de prevenção ao Câncer de Mama, o Outubro Rosa, o COFFITO conversou com a presidente da Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia (ABFO-Oncologia), e pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer (INCA), Dra. Anke Bergmann, para falar um pouco sobre a atuação da profissão desde a prevenção até a recuperação do paciente.
Para a presidente, uma realidade que precisa ser alterada urgentemente é a oferta de Fisioterapia aos pacientes oncológicos apenas no atendimento de alta complexidade. “Já temos dados que comprovam: quando o paciente é acompanhado pelo fisioterapeuta desde o diagnóstico, as chances de sobrevida aumentam, assim como a qualidade de vida. As sequelas também podem ser amenizadas e até evitadas, afinal, com um tratamento contínuo, teremos um paciente bem informado”, destacou.
Atualmente o serviço de Fisioterapia aos pacientes com câncer está muito atrelado à alta complexidade e à recuperação após a cirurgia. No entanto, o campo de atuação do fisioterapeuta é muito maior e tem início na prevenção. “O fisioterapeuta é um profissional de saúde que lida diretamente com a população. Podemos, sim, estar disponíveis para orientar quanto aos fatores de risco e os métodos para detecção precoce e, se for caso, esclarecer ao paciente a necessidade de procurar um médico para a realização do diagnóstico”, enfatizou a Dra. Anke Bergmann.
A prevenção do Câncer de Mama se dá em três níveis: primário, que seria a atuação sobre os fatores de risco modificáveis (atividade física, alimentação saudável, consumo de álcool), podendo reduzir em 20% a incidência; secundário, que seria o Diagnóstico Precoce, por meio da mamografia, por exemplo; e terciário, com o tratamento precoce e resolutivo. Neste cenário, a Fisioterapia poderia acompanhar o paciente desde o início e traria contribuições significativas. De acordo com a presidente da ABFO, o fisioterapeuta que atua na atenção primária acaba por ter bastante contato com a população de risco, o que permite uma instrução maior ao paciente quanto à possibilidade do Câncer de Mama e as medidas simples que podem diminuir os riscos, como atividade física. “Não estamos falando de academia, mas, sim, de uma rotina que traga mais movimento à vida do paciente. Uma caminhada, uma tarefa doméstica, subir uma escada, isso sem mencionar alterações alimentares. Temos acesso à população e, como profissionais de saúde, devemos também promover hábitos saudáveis de vida”.
Outro tema abordado pela Dra. Anke Bergmann é o de que o fisioterapeuta não deve ser lembrado apenas quando há a lesão, a sequela, no intuito de reabilitar este paciente. Ele deve ser inserido no momento do diagnóstico de câncer, para, assim, evitar que sequelas e complicações sejam instauradas. “A Fisioterapia, após o diagnóstico de câncer de mama, atua na redução dos efeitos colaterais do tratamento oncológico, na aderência ao tratamento, na melhora da qualidade de vida e na redução da mortalidade”, completou.
Essa metodologia, ou seja, disponibilizar o atendimento fisioterapêutico no início do tratamento, já é realidade no INCA, no entanto, ainda são poucos os hospitais públicos e privados que dispõem da mesma realidade. Ainda há um grande desconhecimento por parte das equipes de saúde e da população sobre essa possibilidade, estigmatizando a Fisioterapia apenas à reabilitação.
De acordo com a Dra. Anke Bergmann, o tratamento do câncer apresenta intercorrências comuns e, portanto, o acompanhamento contínuo de um fisioterapeuta permitiria evitar complicações, tais como alterações cardíacas, linfedemas, pneumopatias, entre outras. Para ela, cabe frisar, também, que muitas sequelas podem ser instauradas após o final do tratamento, razão pela qual devem ser mantidos o acompanhamento e a orientação. “O tratamento contínuo de um fisioterapeuta com um paciente oncológico contribui para a sobrevida global e para a qualidade de vida após o câncer, diminuindo, inclusive, índices de recidiva”, finalizou.

Fisioterapia em Oncologia
É regulada pelo COFFITO desde 2009, tendo sido disciplinada em 2011, por meio da Resolução nº 397. Embora recente como especialidade, a área está em constante expansão, principalmente devido ao envelhecimento da população e hábitos de vida que têm aumentado as projeções de diagnóstico de Câncer de Mama no Brasil.